2001 – “Portais”

Projeto Prima Obra, na galeria da FUNARTE do Ministério da Cultura, em Brasília. Período de 20 de junho a 06 de julho de 2001.

PORTAIS é uma instalação sobre a morte, abordando-a como passagem, troca simbólica e sia banalizarão na sociedade capitalista.

A instalação é composta de três portais elaborados a partir de materiais bem específicos. Plástico, acrilon, tecidos e pluma sintética são utilizados a fim de criarem grandes portais. Ao invés de rígidas “passagens”, como as que articulavam socialmente a morte em iniciações “primitivas”, são estas passagens maleáveis, permitindo somente a dissocialização que a marte biológica traz para a sociedade capitalista seja escondida e disfarçada por esses conforme a necessidade.

A iniciação “primitiva” não era feita pelo homem para superar a morte, mas sim para articulá-la socialmente. Os candidatos à iniciação morriam “simbolicamente” a fim de renascer num troca recíproca entre os ancestrais e os vivos. Porém a dissocialização da morte faz com que o corpo pálido de vazio de seus signos crie um momento insuportável de esvaziamento. Para esconder esse momento, algumas sociedades têm uma certa necessidade em guardar a aparência externa do corpo intacta, eternamente jovem e cheia de vida, criando uma desordem simbólica e “banalizando” a morte.

A forma de portal simbolizando a passagem entre dois campos diferentes (morte e vida) abre sobre um mistério formando o local de passagem do conhecido para o desconhecido e convidando a atravessá-lo. Todos os portais são brancos e maleáveis dando acesso à revelação do conhecimentos, do mistério e da morte e permitindo que estes sejam sensíveis à força externas.

O Portal perde sua função de socializar a morte e passa a ser usado para superá-la. Então, da mesma forma que o corpo pálido perde seus signos e começa a decompor, os portais perdem suas forças simbólicas e são  “conservados” como corpos pálidos e sem vida, em câmeras de refrigeração até o momento e que estes serão novamente de alguma utilidade para a sociedade contemporânea.

Parte extraída do folder da exposição.

Ano: 2000
Técnica/material: couro sintético, voile e pluma sintética.
Dimensões: 2m x 2m x 0,30m
Foto: Marcelo Feijó

Título: Portal
Ano: 2000
Técnica/material: couro sintético, voile e pluma sintética.
Dimensões: 2m x 2m x 0,30m
Foto: Marcelo Feijó

Título: Portal
Ano: 2000
Técnica/material: couro sintético, voile e pluma sintética.
Dimensões: 2m x 2m x 0,30m
Foto: Marcelo Feijó

2000 – “Desejo de Morte”

Galeria de Bolso da Casa da Cultura da América Latina, em Brasília. Período de 31 de agosto a 21 de setembro de 2000.

Ano: 1999/2000
Técnica/material: Concreto armado, parafina e lâmpadas de inspeção.
Dimensões: quatro cubos de 40 cm (ver modo de instalação)
Foto: Marcelo Feijó

Desejo de Morte é uma intervenção – composta de cubos de concreto que contém lâmpadas de inspeção imersa em parafina – que propõe uma percepção visual da morte.

A morte, historicamente, tem sido encarada como fim e mistério. Um mistério que alimenta, no homem, um desejo de entendimento e controle do esvaziamento da vida do corpo. Tentamos chegar perto da morte, porém ninguém pode testemunhar a experiência da morte.

Ver a morte passa a ser um vazio que se coloca a nossa frente. O corpo esvaziado de seus signos é colocado em um túmulo que esconde a transformação de matéria orgânica em inorgânica, como um anteparo lançado a uma verdade mais subterrânea e mais temível que só é revelada a quem experimenta.

Parte extraída do folder da exposição.

Ano: 1999/2000
Técnica/material: Concreto armado, parafina e lâmpadas de inspeção.
Dimensões: quatro cubos de 40 cm (ver modo de instalação)
Foto: Marcelo Feijó